segunda-feira, 9 de abril de 2012

Crônica - Conversa entre pai e filho (Autor: Dídimo Gusmão - registro 99525 - livro 5A)

Conversa entre pai e filho.
(Autor: Carlucio Bicudo – registro 99525 – livro 5 A)
Outro dia, estava eu e meu filho de 14 anos, conversando sobre a importância da leitura diária em nossas vidas.
O menino está no 9º ano do ensino fundamental. É ótimo em Matemática, História, Ciências, já em Português, percebo que ele tem grande dificuldade ao ler um texto. Lê sempre gaguejando. Sabe como é. Não tem o hábito da leitura.
─ Anthony, pegue um livro e vá ler. Verá que através da leitura, podemos viajar por diversos lugares e situações.
─ Ora, ler pra que, se temos tudo o que queremos na internet, papai?
─ Deixe de besteira, menino. Não está vendo como anda lendo mal? Isso é falta de leitura.
─ Quantos livros, você leu durante o ano passado?
─ Só os livros que o senhor me obrigou a ler. Mas posso ser sincero?
─ Claro! Diga.
─ Eu começava a ler, e a pular algumas páginas. Até alguns capítulos, só para agradar ao senhor.
Decepcionado, balancei a cabeça em sinal de reprovação.
─ Anthony, hoje, você não dá valor a um bom livro, mas no futuro, irá ver a falta que lhe fez, ter-me enganado. Na realidade, você não estava me enganando ao fingir que lê o livro. Mas enganando a si próprio.
─ Mas ler é um saco! Fico perdido com tantas letras, palavras e frases do texto. Gosto de ler só pequenos textos.
Subitamente, lembrei-me de um livro que possuo do grande escritor gaúcho, Paulo Bentancur (Quem não lê não vê), fui a minha humilde biblioteca e peguei e entreguei ao menino, para que ele pudesse ler. E propus:
─ Leia, se não gostar das primeiras páginas. Tudo bem, pode parar.
O livro trata, justamente sobre leitura. Mas precisamente, sobre a resistência de algumas pessoas ao simples ato de ler. Espero que ao começar lê-lo, o meu filho se identifique com alguns dos personagens.
Ele pegou o livro, deu uma sacada por cima e me disse:
─ Tá bom! Vou tentar. Não é um livro grande mesmo. Acho que rapidamente, irei lê-lo.
Imediatamente, me lembrei do que ele havia dito momentos antes, sobre pular páginas e capítulos. Então, eu falei:
─ Meu filho, espero que desta vez, não engane a você mesmo.
─ Prometo, que desta vez, irei do início ao fim. Mesmo que seja pela última vez.
Só me restou, respirar fundo e torcer, para que ele gostasse da excelente história escrita pelo autor.
Dias mais tarde, Anthony se aproximou e me disse:
─ Papai, posso falar com o senhor?
─ Claro filho! Do que se trata?
─ Sabe o livro que me emprestou? Então, eu adorei. Vi-me, como o personagem Maurício. Só lendo, quando era obrigado, pela escola ou pelo senhor.
─ Interessante! Conseguiu tirar alguma lição do que aprendeu lendo?
─ Muitas lições. Aprendi que, através da leitura, terei a capacidade de me expressar e escrever melhor. E que não existe companheiro melhor do que um bom livro. Para isso é importante à dedicação à boa leitura, diária e rotineiramente.
─ É maravilhoso, ouvir isto meu filho.
─ E tem mais, papai. A leitura irá proporcionar, além de me manter atualizado, um bom nível de fluência verbal e também boas ideias.
─ Parabéns, meu filho! Estou orgulhoso de você. Espero que a partir de agora, leia mais.
─ Com toda certeza! Por acaso, o senhor tem outro livro do mesmo autor?
─ Tenho sim. E se chama “O olhar das palavras”, vou pegar para você.
Ao entregar o livro para o meu filho, vi pela primeira vez, seus olhinhos brilharem de prazer. Pronto! Agora, sei que ele irá viajar com as palavras e quem sabe, identificar-se sempre que possível, com um dos personagens dos futuros livros que vier a ler.


Fim
Autor: Carlucio Oliveira Bicudo - registro 99525 - livro 5 A

2 comentários:

Nádia Dantas disse...

Gostei muito, Carlucio.
Que prazer vir aqui e encontrar sua crônica sobre a importância da leitura. Eu me lembrei de alguns alunos meus que não gostam de ler. Vou indicar o livro do Bentancur e ler sua crônica pra eles. Posso?

Agradeço pelos comentários no blog sobre os haicais, foram os últimos que escrevi. Há tempos não escrevo... muito trabalho nas escolas...

Abraço e uma boa noite!

Edi de Barros disse...

CARLUCIO,COMO SEMPRE SUAS PALAVRAS SÃO DE UM TOM MUITO PROFUNDO QUE NOS FAZ ENTENDER COM FACILIDADE O QUE VOCE QUER DIZER, LINGUAGEM SIMPLES, PESSOAL, E DE UMA SENSIBILIDADE INCONTESTÁVEL, ESSE CONTO, É ALGO MUITO BOM QUE NOS LEVA A UMA REFLEXÃO INEXPLORAVEL, E DE COMO FAZER COM QUE NOSSOS PRE E ADOLESCENTES ,JOVENS E ADULTOS (TMB PQ Ñ?)RSRSRR...TENHAM EM SEUS HABITOS O SABOR DA LEITURA E DE QUANTO ELA FAZ FALTA NO FUTURO E ATÉ MESMO NO PRESENTE POIS , O NOSSO FUTURO DEPENDE DO NOSSO PRESENTE ....MUITO BOM MESMO!PARABÉNS PELA SUTILEZA E SINONIMO DE SUA INTENÇÃO EM SUAS SÁBIAS PALAVRAS E HUMILDADE DE INCENTIVAR A LEITURA DE UM OUTRO AUTOR DENTRO DE SEU PRÓPRIO TEXTO.....BJOS NO SEU CORAÇÃO.