As criadas da viúva
(Autor: Carlucio O.Bicudo - registro 33572 - livro 3 B)
Numa certa região de Atenas, uma senhora muito rica, ficou viúva muito cedo. Mas ela tinha um péssimo hábito. Não gostava de ver as suas criadas paradas, sem que estivessem fazendo algum tipo de serviço.
As criadas da viúva trabalhavam sem parar. Não tinham direito a folga, a não ser durante a noite, quando dormiam.
Todo o dia, quando o galo do terreiro, já empoleirado em uma das muitas oliveiras do quintal começavam a cantar, a patroa levantava e já tirava as criadas da cama para que pudessem começar o trabalho bem cedo.
As criadas morriam de raiva. Levantavam doidas para fuzilar o maldito galo, que parecia cantar cada dia mais cedo. Um verdadeiro desespero!
E uma delas, assim disse:
_ Um dia ainda irei matar este galo. _ Ai sim, farei um belo de um ensopado dele.
E assim, os dias, meses e anos se passavam até que uma das criadas, não mais aguentando, virou para a outra e perguntou:
_ Vamos matar este galo amanhã? _ A patroa vai sair bem cedo. _ Matamos o galo e ela só irá sentir falta dele no outro dia. _ Tudo bem?
_ Combinado! _ Vamos matá-lo assim que ela sair de casa.
As criadas já não aguentavam mais ter que levantar-se tão cedo para trabalhar. E quando chegava o inverno, ai... ai... aí sim que a coisa piorava.
No outro dia, assim que a viúva saiu de casa, as duas cercaram o carijó e não perderam tempo, passaram-lhe a faca em seu pescoço. As pobres criadas acreditavam que se o galo fosse silenciado. A patroa não mais as acordariam cedo. Pois também levantaria mais tarde, já que o galo, não cantaria para acordá-la.
Coitadas! Como estavam enganadas!
As duas estavam tão determinadas em acabar com o galo, para que pudessem livrar-se de acordar cedo, que ao menos pensaram que consequências poderiam ter caso a viúva descobrissem que elas haviam matado o galo com esta finalidade.
No outro dia, a patroa perdeu a hora, porque o galo não cantou. Mas ela ficou desconfiada das criadas. Que logo foram dizendo:
_ O carijó senhora, foi comido por uma raposa.
A viúva, agora, não podendo mais contar com o galo despertador, passou a acordar ainda mais cedo, durante o meio da noite... e não perdia tempo e já colocava as suas criadas para pular da cama e começar o trabalho.
Foi aí, que as criadas perceberam que a morte do galo havia sido em vão. E muito pelo contrário, com a certeza de que ele iria cantar na hora certa, a patroa, não tinha insônia e nem acordava durante a noite para acordá-las para trabalhar cada vez mais cedo.
Moral da história: Não adianta querermos bancar o esperto, porque nem sempre essa estratégia dá certo.
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