quarta-feira, 21 de julho de 2010

O cachorro e o burrico (Autor: Carlucio O. Bicudo)

O cachorro e o burrico
(Autor: Carlucio O. Bicudo - registro 102627 - Livro 2 B)

Certa vez, em uma fazenda muito promissora, havia um fazendeiro muito bondoso. Ele procurava sempre agradar a todos os seus empregados e animais.
Seu Pedro possuía um cachorro da raça beagle, chamado Totó. Era um cachorro muito inteligente, com um temperamento alegre e equilibrado. Não possuía nenhum traço de agressividade. Embora pequeno, era ágil, ativo e possuía um apurado faro.
Tinha uma vida de rei, pois seu dono dava-lhe muito carinho, e passava um bom tempo brincando com o animal.
Já o burrico, era forte, com um porte atlético e muito trabalhador.
Quase sempre depois do almoço, seu Pedro sentava-se na cadeira de balanço na varanda e o cachorro vinha correndo e pulava em seu colo, e ali, acabava adormecendo junto com o seu dono, depois de muitos afagos.
Seu Pedro também cuidava muito bem do seu burrico. Ele possuía um ótimo estábulo, bem amplo e arejado. Comida nunca faltava para o animal.
O burrico estava sempre se alimentando de feno, espigas de milho e até aveia. Tudo da melhor qualidade. No entanto o pobre do asno, todos os dias tinha que trabalhar em um moinho de trigo.
Era ele que puxava os pesados sacos contendo trigo para o paiol da fazenda.
Depois, ainda girava a pedra que moía os grãos de trigo. E por último, carregava os sacos de farinha de trigo até o paiol, para que pudessem ser armazenados até a sua venda.
Haja trabalho!
O pobre do burrico, coitado, de tanto trabalhar, ficava a pensar como era boa a vida do cachorro que o patrão criava. Ele tinha tudo do bom e do melhor e não precisava trabalhar.
O asno não admitia aquela situação e queria ter as mesmas mordomias que o cachorro e começou a pensar:
“Veja só! Eu dou um duro danado lá no campo e o Totó que fica com as regalias. Isso não é justo!”
O burrico, já cheio de inveja, pensava:
“Será que estou fazendo tudo errado? Se eu fizer igual ao Totó, talvez seu Pedro me trate igual a ele.”
Lá na sede da fazenda, o cachorro sempre bajulado pelo seu dono. Toda vez que seu Pedro viajava não se esquecia de trazer um presentinho para o animal.
Eram biscoitos, ossos para roer... Sempre aparecia com uma novidade para o totó.
E o burrico, lá no estábulo, ficava todo acabrunhado e ficava triste com suas enormes orelhas caída.
O asno, já não aguentando mais de cobiça, decidiu fazer igual ao cachorro totó.
No outro dia, antes que seu Pedro viesse buscá-lo para a lida, o burrico, deu um jeito de se soltar do estábulo e correu para a sede da fazenda.

Lá chegando, entrou de porta adentro, saltitando, como ele sempre via o totó fazer.
Mas o diacho do animal, nem se deu conta de que ele era grande o bastante para entrar em casa, e com isso, conforme saltitava pela sala, sempre esbarrava em algum objeto que imediatamente vinha ao chão.
Que horror! E todos ficaram espantados ao ver o burrico agindo daquela forma tão estranha.
Depois de saltitar tanto e derrubar os objetos de decoração da casa no chão, o burro ainda achou que podia vir correndo e pular no colo do seu dono.
Todos ali presentes acharam que o burrico, na realidade, queria era matar o seu Pedro.
Ah! Isso já era de mais... Os empregados correram e pegaram algumas varas e começaram a bater no pobre do animal com tanta força que ele não teve outra opção a não ser sair dali em disparada.
Seu Pedro, muito enraivecido, tratou de deixar o burrico amarrado e sem comida durante o dia todo.
E lá no estábulo, o burrico com as costas e os quartos todo dolorido de tanto apanhar, passou a pensar novamente:
“Maldita hora em que fui cobiçar o Totó. Na realidade, eu deveria ter aceitado a condição que sou de burro de carga, ao invés de ficar almejando ser o que não poderei ser jamais. Pura tolice a minha, em querer imitar as brincadeiras que o Totó faz com o nosso dono. É, sou verdadeiramente um asno!”


Moral da história: É pura tolice tentarmos ser uma coisa que na realidade não somos.

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