sexta-feira, 29 de maio de 2009

O retrato do supletivo (EJA)

Os alunos dessa modalidade de ensino, em sua grande maioria, têm mais de 15 anos e são trabalhadores pouco qualificados, que geralmente chegam exaustos à sala de aula, depois de um dia de trabalho e ainda perdem muito tempo no deslocamento entre o local do trabalho e o do curso e no trajeto para casa. "É uma população que já tem uma história escolar muito truncada. Às vezes, a pessoa repete de ano no ensino regular, desiste e depois volta a estudar. Ou, então, é uma menina que se torna jovem mãe. A característica comum desses estudantes é a história de vida truncada", diz Márcio da Costa, professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

As próprias autoridades educacionais reconhecem que o atual formato dos cursos de educação básica, técnica ou profissionalizante oferecidos a jovens e adultos é deficiente. "Nós ainda ?escolarizamos? excessivamente o EJA. Há uma estrutura de currículos muito rígida, o que tende a infantilizar os alunos", diz André Luiz Lázaro, secretário de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do Ministério da Educação, depois de lembrar a necessidade de se rever os currículos dos cursos supletivos.

Essa revisão é fundamental para o futuro do País. Como a maior barreira que as pessoas enfrentam para se inserir no mercado de trabalho é a baixa qualificação, um supletivo com qualidade e currículos mais flexíveis aumentaria as oportunidades de ascensão de jovens e adultos. Além disso, o baixo nível educacional da população tem sido um dos entraves para o crescimento, como ficou evidente com o aquecimento da economia, antes da crise financeira mundial, quando as empresas brasileiras enfrentavam graves problemas de falta de mão de obra qualificada.

Apesar de confirmar o que já se sabia, a pesquisa do IBGE é um levantamento estatístico importante para balizar as reformas educacionais de que o País necessita para formar capital humano - condição básica para que possa ampliar sua presença nos mercados internacionais, quando a economia mundial retomar o crescimento.

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