quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Escola sem preconceito.

Considerados despreparados para lidar com um tema delicado, professores da rede estadual estão recebendo livro que trata da diversidade sexual na escola


Rio - Ponha-se no lugar do professor: o que você faria se um aluno de nome Roberto pedisse para ser chamado de Roberta? E se ele — ou seria ela? — trocasse a calça comprida pela saia plissada? Agora, imagine que você estuda nessa escola e, ao entrar no banheiro feminino, se depara com Roberto(a) tirando a saia. A Secretaria Estadual de Educação admite: os mestres estão despreparados para enfrentar situações como essas. No combate à discriminação e à evasão de alunos que subvertem o modelo de comportamento heterossexual, educadores têm novo aliado: o livro ‘Diversidade Sexual na Escola’, editado pela UFRJ.
Cinco exemplares da publicação, financiada pelo MEC, estão sendo distribuídos para cada uma das 1.591 unidades da rede estadual do Rio. O texto, do coordenador de Comunicação da Pró-Reitoria de Extensão da UFRJ, Alexandre Bortolini, pretende levar educadores à reflexão. Entre estudiosos da sexualidade, é consenso: deve-se aceitar a identidade de gênero dos alunos. Significa, por exemplo, deixar meninos que se sentem meninas usar o banheiro ‘delas’.
“Ninguém pediria para um cadeirante se levantar da cadeira para assistir às aulas. Por que uma travesti deve abrir mão de sua identidade feminina?”, questiona o livro, produzido a partir de relatos colhidos em oficinas feitas desde 2006 em colégios estaduais. A obra está na Internet (www.papocabeca.me.ufrj.br/diversidade).
Um dos objetivos é combater a homofobia. Pesquisas da Uerj e da Unesco apontam a escola como o 3º lugar no ranking de locais de discriminação: um quarto dos alunos não gostaria de ter colegas homossexuais e 40% dos pais não querem que os filhos estudem com gays. A realidade, porém, impõe a convivência. “Há 20 anos, seria impossível imaginar alunos assumidamente gays. Hoje, já tem adolescente bancando essas identidades sexuais, e os educadores não sabem lidar com isso”, observa Bortolini.

Nenhum comentário: